sábado, 26 de maio de 2012

Sintoma


Como se fosse possível, separo o que sinto do que penso.
Esqueço que sentindo e pensando sou sempre eu, corpo indisciplinar.
E na separação impossível do que sinto-penso, eu distingo o que sinto do que gostaria sentir.
Sinto meu estômago agora, ele está mais ácido que de costume. 

quinta-feira, 10 de maio de 2012

SOMOS MEMÓRIA, PRESENTE e DESEJO (Lucas Valentim e William Gomes)


1.
Surgiu.
Disseram que seria a maior lua do ano. E eu nem sabia quando lhe ofereci.
- Não precisava.
O que? Perguntei.
Não precisava o que?
- Encantar mais, o que já está encantado. Difícil achar um lugar pra guardar ela aqui, onde as lacunas são Lucas, luas, são tuas.
Mais tarde eu iria lembrar da Rita Lee  “como é estranho ser humano nessas horas de partida...”

2.
Tudo começou dias atrás. Quando sentado
de perfil,
sorriu.
Broto você é massa. Pensei como Caetano.
- Porque eu?
Perguntou-me.
Porque é assim que acontece: seu corpo convidou o meu olhar e eu vi algo de bonito.
Bonito é palavra bonita. (Sente-se quando se fala. E beija-se quando se escuta.)
Bo-ni-to.
O silêncio durante o beijo parece mais preciso.
Seu corpo percebeu meu olhar. Não sei o que se passou. Não é de saber o que se passa no outro, é de sentir.
E eu desconfiei logo de nós dois. Principalmente depois.

 3.
Salto [a]mor tal
foi o hóspede do meu solar
quem me deu essa lua
mais tua do que minha
beleza absurda quando caminha
um gesto em movimento
beijos no camarim
como sentir e saltar
de um trampolim, valentim.

4.
E se tudo foi
só aquilo?
Mas o que é só aquilo
quando falávamos de tudo?